O Tribunal do Júri já definiu o futuro do casal Nardoni, acusado pela morte da menina Isabella, morta aos 5 anos de idade, ao cair da janela do 6º andar do edifício London, na zona norte de São Paulo. Os jurados estiveram reunidos em uma sala secreta do Fórum de Santana, e a sentença pode ser lida a qualquer momento.

De posse do veredicto, se houver condenação, o juiz dosa a pena com base no Código Penal. Se houver absolvição, os Nardoni deixam o tribunal livres da acusação.Os membros do júri são quatro mulheres e três homens, sorteados no primeiro dia de sessão, na segunda-feira (22). Desses, cinco nunca participaram de um julgamento desse tipo. Eles tiveram que
responder a quesitos formulados pelo juiz e decidirão se o casal cometeu o crime, se pode ser considerado culpado pela atitude, e se há agravantes ou atenuantes, como ser réu primário. A reunião deve demorar cerca de uma hora e, depois disso, o juiz redige a sentença.
"Os olhos do Brasil estão voltados a esta sala, o que aumenta o peso de responsabilidade dos jurados", afirmou o promotor Francisco Cembranelli ao conselho de sentença, antes de começar a expor a acusação nesta sexta-feira.
No fim da sessão de quinta-feira, o advogado de defesa Roberto Podval disse não ter “falsas expectativas ou esperanças” sobre o resultado do julgamento. "Entrei num júri perdido”, afirmou. O advogado disse que a única orientação que deu ao casal foi para que dissessem a verdade, pois não ganhariam o júri "tapando o sol com a peneira". "Eu disse: 'fale a verdade. A gente não tem chance, a chance é pequena, e se tiver, é falando a verdade'".
Desde o início do julgamento, foram tomados os depoimentos das testemunhas e, mais tarde, os dos réus, os últimos a serem ouvidos. Esta sexta-feira marcou a fase final, quando defesa e acusação debatem seus argumentos. 



O debate do último dia

O debate foi encerrado com a tréplica do advogado Roberto Podval, que usou menos de uma hora de suas duas horas disponíveis, após a réplica do promotor Francisco Cembranelli. Foi a última oportunidade para ambos se manifestarem antes da decisão.

O advogado Roberto Podval defendeu a absolvição do casal Nardoni. Podval voltou a dizer que faltam provas que incriminem Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá e destacou informações que acredita serem fundamentais para questionar a tese da acusação.
"Me causou estranheza. Com todo esse sangue encontrado no apartamento, Alexandre foi mostrado carregando Isabella, ela tinha sangue na mão. A pergunta que fiz para a perita [Rosângela Monteiro] foi: 'Encontraram algum sangue na roupa dele ou dela?'. E a resposta foi 'Não'. Não pingou nada. A roupa dele não tinha que ter alguma coisa, um pingo, uma gota de sangue? Ele não merece a dúvida da inocência?"
Podval citou também a falta de exame nas unhas do casal, o que, segundo ele, mostra que não há como dizer quem foi responsável pela esganadura de Isabella. 


Durante o tempo destinado à réplica da Promotoria, Cembranelli chamou Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá de mentirosos e rebateu os pontos levantados pela defesa do casal, acusado de matar a menina Isabella Nardoni.

O promotor disse que os réus são "mentirosos" e utilizou seus últimos minutos de palavra para atacar a atitude no casal no dia do crime. Ele usou uma linha do tempo para provar que os Nardoni estavam no apartamento no momento exato da queda de Isabella. E listou, em cerca de meia hora, todas as contradições encontradas por ele desde a "noite trágica".
"Quase perdi a fala de tantas mentiras", disse, recuperando o fôlego. Continuou dizendo aos jurados que nenhum deles prestou socorro a Isabella, apenas a mãe, que, logo ao chegar ao jardim onde a filha estava estirada, "colocou a mão no peito dela para sentir seu coraçãozinho ainda batendo". E, apontando para um dos jurados: "O senhor deve ser pai, eu se fosse pai, socorreria a minha filha que estava entre a vida e a morte."
Em suas duas horas e meia iniciais nos debates entre acusação e defesa, Podval afirmou que, assim como os pais de Madeleine McCann, que foram acusados pelo sumiço da menina em Portugal, pai e madrasta de Isabella não podem ser condenados por um crime do qual se dizem inocentes. "Disseram que o pai de Madeleine teria dado um remédio para ela. Qual a prova? É que nem essas presunções todas. A perícia não chegou na autoria. Eles apenas presumem. Quem asfixiou? O promotor não tem certeza. Aí fica a sociedade clamando Justiça. A nossa sociedade não pode permitir isso", pediu Podval aos jurados, para que absolvam o casal.
Durante as argumentações, a madrasta de Isabella teve que ser retirada do plenário duas vezes, pois estava visivelmente nervosa.
Podval também usou uma frase de Chico Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim", clamou aos jurados após reconstruir a cena do crime inserindo dúvidas, levantando a possibilidade de que uma terceira pessoa tenha agido sem que ninguém soubesse.

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