No último domingo os bacharéis fizeram a terceira segunda fase do Exame de Ordem. Após um polêmico cancelamento das provas em virtude da demonstração de fraudes o que chocou a comunidade jurídica, cansando e provocando repercussão negativa em relação à entidade responsável pela elaboração das provas.
Tendo em vista todos esses acontecimentos e, o simples fato de tratar-se do tão criticado Exame de Ordem, recebi hoje a tarde uma mensagem da Gabriela, que dizia o seguinte:



Gostaria que este meio de comunicação comentasse a respeito da prova
da OAB do dia 18/04/2010 (segunda fase), a qual foi um insulto para os
estudantes.
Este exame não pode consultar a doutrina (somente a lei seca).
Aqueles que estudaram e estavam aptos a passar na segunda fase,
realizaram a prova no dia 28 de fevereiro, a qual foi anulada.
Quem errou neste caso? Não foi o estudante que pagou um alto preço
para realizar o exame (R$ 180,00 reais), foram elas, que não tiveram
a capacidade de aplicar corretamente uma prova.
E a conseqüência disso: foi a realização de uma prova mais
difícil, ou melhor, os alunos já estavam esgotados de tanto estudar
(9 meses estudando) e não puderam demonstrar todo o seu conhecimento.

Peço, por gentileza, que os avaliadores lembrem disso na hora da correção. Os aluno deram o seu melhor, mas estavam exaustos (somos todos serem humanos e temos limite).
Pois bem, não cheguei a comentar aqui no blog, mas já obtive a aprovação do exame 2009.2 e, por isso, não fiz a última prova, acompanhando todo o processo de longe. Mas, visando atender à atenciosa leitora, recorri ao meu colega e futuro advogado Gabriel Alves que fez o exame e com propriedade teceu os seguintes comentários:
Bom, diante de tantas reviravoltas e especulações a respeito dos últimos exames da ordem, por onde começar e como ser capaz de tecer um comentário comedido e coerente?
Uma pergunta de difícil de responder, especialmente diante da tamanha frustração e sensação de impotência sentida pelos milhares de bacharéis espalhados do Oiapoque ao Chuí, sensação essa compartilhada por esse que vos fala.
Como explicar a sensação após horas de estudos, depois de todo o dinheiro gasto, após passar por tantas privações por um único objetivo, o de ingressar no quadros de uma das maiores e mais importantes instituições desse país, a Ordem dos Advogados do Brasil.
Após uma segunda fase cansativa, a grande maioria dos bacharéis que realizaram o exame, saíram com a sensação de dever cumprido, esperançosos que dentro de algumas semanas veriam seu nome na lista de aprovados.
No entanto, na semana seguinte tiveram sua esperança momentaneamente destruída, por uma notícia de suposta fraude no exame (e digo suposta, pois até agora não tivemos um posicionamento esclarecedor seja por parte do CESPE, da OAB ou da Polícia Federal) e com a decisão de anulação da prova por parte dos Presidentes das Seccionais
A primeira coisa que nos vem à cabeça, é revolta, é desacreditar nas instituições que são os alicerces do Estado democrático de direito e por fim a sensação de impotência já citada, tudo isso é normal, afinal somos seres humanos e vivemos em um turbilhão de sentimentos.
No entanto, não devemos deixar de acreditar nas pessoas, nas instituições e principalmente que podemos e devemos fazer de tudo para tornar esse um país melhor, para que episódios como esse não voltem a se repetir.
Depois, desse breve (não tão breve) e confuso desabafo, passemos a analisar a prova dessa que foi a primeira 3ª fase do exame da ordem.
Em termos gerais, realmente deve-se considerar que essa prova foi mais difícil que a que foi cancelada, a um porque no entendimento da OAB nos foi dado mais tempo para se preparar, a dois porque é possível que tenha sido uma forma de castigo pelas supostas tentativas de fraude.
Sem dúvida, todos os bacharéis tiveram quase um mês a mais para estudar, mas convenhamos diante da decepção, da raiva e do cansaço é muito difícil que a maioria tenha conseguido fazê-lo como deveria. A prova em si, especialmente a de prática trabalhista estava bem extensa e trabalhosa. Muitos bacharéis reclamaram da novidade trazida nesse exame, possibilitando apenas a utilização de legislação seca, ao meu ver mais benéfico, uma vez que as perguntas em ambas as provas exigiam respostas apenas com letra de lei e não envolviam divergência jurisprudencial e outra forma de interpretação.
A grande dúvida agora, é como serão os critérios de correção, se o CESPE e a OAB serão benevolentes, e levarão em conta todo o sofrimento enfrentado pelos bacharéis. Assim espero, seria o mais coerente a se fazer, considerando todo o ocorrido, somado ao nervosismo (diga-se de passagem perfeitamente normal) enfrentando por muitos candidatos.
Ainda com todo o ocorrido nos últimos dois Exames da Ordem, eu não faço parte daqueles xiitas que lutam pela sua abolição, no entanto, acho que o Exame em si deve ser reformulado, acho que a prova em si não deveria ser a única e derradeira maneira de valorar o conhecimento dos candidatos.
Utopicamente falando, uma maneira mais eficiente, tanto para avaliar e controlar a qualidade dos cursos, bem como dos alunos, seria exigir uma média mínima final aos candidatos ao final do curso, que seria cumulada com o Exame a ser aplicado. Um apenas complementaria o outro e poderia medir de uma maneira mais eficaz a capacidade e o conhecimento dos candidatos, bem como daria maior subsídios para que fossem fechados os muitos cursos caça-níqueis que existem hoje.
Obviamente, essa é uma idéia que precisa ser muito bem trabalhada, assim como o aproveitamento da nota do Enem é feito para o ingresso nas Universidades hoje em dia. Formulas perfeitas não existem, mas acho que o mínimo que os bacharéis merecem é respeito e um método de avaliação justo e coerente.
O mais importante é não desistir nunca, e ter esperança até o fim, se seu nome não estiver na lista dos aprovados no dia 7 de maio, recorra, se for negado provimento ao recurso, estude para a próxima que com certeza você passará, todos somos capazes.
Do fundo do meu coração, desejo boa sorte a todos, e peço para que nunca desistam de lutar pelos seus direitos e por um mundo mais justo e transparente. É isso que precisamos nos dias de hoje, independente de uma carteira rosa, por isso nunca desistam e sempre sigam em frente.
Gabriel Alves Muniz dos Santos

gabriel.gams@gmail.com

Material extraído do site Estudante de Direito.net



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